sábado, outubro 13

Era a Lua

Lá estava eu. Pensando em milhões de coisas, sentada no banco especial, com a cabeça na lua, voltando de vez em quando pra ver se tinha que dar o lugar pra alguém..."Projeto, clima, vaga, sono, html, ele tá exagerando, tenho que escrever o conceito criativo, ligar para Adriana, acho que já tá chegando..."...um vulto para ao meu lado, interrompo meu pensamento pra ver se ela é especial, mas fico horas olhando. Os olhos claros sem cor definida destacando os cabelos laranjas, contrastando com a pele quase albina e o batom vermeeeelho, passado além do lábio, mas sem borrar. Não conseguia parar de olhar. Até levantava a cabeça sem disfarçar para entender o que estava embrulhado no cachecol verde e virava os olhos sem nem perceber. Aquela mulher me deixou alguma coisa que eu não sei.

Ela desceu num ponto, eu no seguinte. Olhava pra trás constantemente, para os lados, pra cima e pra baixo e não via ninguém, mas tinha alguma coisa. Andando até em casa, continuo aflita, para um carro cinza bem na hora que fui passar, passei e ele foi. Não entendi. As milhões de coisas voltavam misturadas com aquela sensação, interrompidas por uma garrafa de plástico verde amassada no meio da rua e um carro que passava sem um pedaço da frente. Ao virar a esquina, vinha aquele barulho do bairro, que nem me irritava mais porque mal conseguia olhar para os lados. Tinha alguma coisa, faltava alguma coisa, olhei cada degrau da escada para verificar se não tinham ratos e desci ofegante em segundos. A rua estava calma, um saia outro entrava, olhava para os lados e nada. Entrei, olhei pro céu mais uma vez, e segui minha vida como se tudo não passasse de esquisitisse minha.

Quando deitei a cabeça no travesseiro, já exausta de tudo, me dei conta que não tinha visto a Lua.

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